Dentista trata pets com aparelhos nos dentes por R$ 5 mil no DF

0

O veterinário Floriano Pinheiro encontrou nos aparelhos uma alternativa à extração de dentes no tratamento de cães e gatos com problemas odontológicos em Brasília. O serviço ainda não é comum, já que depende de três fatores: temperamento do animal, disponibilidade do dono em adotar todos os cuidados e dinheiro – o custo mínimo é de R$ 5 mil. Além disso, o profissional se recusa a atender casos meramente estéticos.
Os casos mais comuns são relacionados a má-oclusão, quando não há encaixe entre a maxila e a mandíbula. O problema pode trazer danos aos dentes, à gengiva e articulações, além de provocar dores. O tratamento com aparelho é indicado principalmente a cães e gatos de pequeno porte, como os cachorros da raça yorkshire e maltês.

vet-dentista2

“[A má-oclusão] Pode ser ocasionada, por exemplo, pela não remoção dos dentinhos de leite. Se os dentinhos de leite não caírem no tempo certo, pode ter esse problema e aí gerar dor, desconforto para o cãozinho ou para o gato. Quando isso acontece, aí a gente tem que intervir”, explica.

Outra situação na qual há indicação para o uso do aparelho é quando o animal tem os dentes mal posicionados. Pinheiro conta que uma vez atendeu um cachorro que tinha um dos caninos torto, furando o céu da boca toda vez que a fechava.

[A má-oclusão] Pode ser ocasionada, por exemplo, pela não remoção dos dentinhos de leite. Se os dentinhos de leite não caírem no tempo certo, pode ter esse problema e aí gerar dor, desconforto para o cãozinho ou para o gato. Quando isso acontece, aí a gente tem que intervir”

aparelho-cao

Segundo o veterinário, o equipamento é semelhante aos usados por humanos. O tempo de tratamento varia entre 45 dias e três meses, apenas o suficiente para corrigir o problema. O profissional costuma colocar aparelhos em apenas dois bichos por ano.

“Infelizmente não é tão comum assim. A gente tem a técnica, mas às vezes a gente não tem todos os fatores favoráveis. E não se pode fazer uma intervenção desse porte por estética ou vaidade, mas sim por uma necessidade funcional. É uma correção que incomoda, machuca, são necessárias várias anestesias, é um procedimento caro, delicado, às vezes não funciona. É uma tentativa”, diz.

“Um tratamento desses tem necessidade de pelo menos três anestesias. Se o animal se sentir incomodado e passar a pata, tem que fazer outra. Há ainda consultas, tratamentos e acompanhamentos. Fica caro. E isso é até para desestimular quem faz isso por motivo mesquinho, que faz por estética, quer usar o animalzinho para competir em algo com outro. Só fazemos isso por um motivo justo, funcional, que realmente vai melhorar a qualidade de vida do cachorro. Incomoda. É um trabalho para qualidade de vida, não estético”, completa.

A professora Alexandra Regina de Oliveira conta que contratou o serviço depois de observar que a cadela Mina, da raça sharpei, machucava a língua e a gengiva por causa do malposicionamento dos dentes. O animal tinha 3 anos na época.

“Por causa disso [das feridas], não conseguia se alimentar de maneira correta”, lembra. “Ela ficou aproximadamente três meses com o aparelho e foi uma experiência muito válida, pois sem o aparelho ela talvez precisasse arrancar os dentes da frente e seria muito pior para ela, acredito. O problema foi sanado e ela melhorou consideravelmente sua qualidade de vida.”

Pinheiro trabalha há 15 anos na área. Ele presta serviço para clínicas em diversas regiões administrativas, como Sobradinho, Taguatinga e Plano Piloto, entre segunda e sábado. As consultas custam entre R$ 180 e R$ 250. O profissional também presta serviço no zoológico e já colaborou no abrigo de felinos que funciona no Entorno do DF.

As atividades ocorrem geralmente pela manhã, por causa do jejum dos pacientes, que geralmente precisam ser anestesiados. O homem atende em média três animais por dia. Quase 80% dos bichos são cães e gatos, mas Pinheiro também recebe tigres, leões e papagaios – por causa de fraturas no bico.
De acordo com o profissional, a maior parte dos casos são de tártaro. Também são comuns as extrações dentárias. “Uma vez peguei um cão que nasceu com dentes a mais, não sobrando espaço para a linguinha dele. Toda vez que fechava a boca, cortava a linguinha. Tive de tirar dentes dele para sobrar espaço para a linguinha.”

O veterinário conta que não pensava em seguir em odontologia. A opção surgiu por influência da irmã, que é dentista, e por demanda do mercado.

“Não foi minha primeira escolha. Na metade do curso eu queria trabalhar com pequenos ruminantes, com carneiros”, lembra. “Aí fiz cursos fora do Brasil, fui trabalhando naturalmente e vi que tinha uma carência na área. Tomei gosto e me apaixonei.”

via G1

Comments are closed.